sexta-feira, 16 de julho de 2010

As lentes fotocromáticas

Com Grande tristeza no coração, cedi a pressão incessante, consentindo em assinar algo que meu coração não quer e que sinto não ser a vontade de Deus.

O sonho de uma familia a qual fiz parte por mais de 18 anos e que gostaria de continuar, acabou-se hoje.

Faltas, culpas, erros, quem não os tem?! Creio porém que o segredo está no perdão... mas de nada adianta se só um perdoar e o outro ao passo do perdão e da resconstrução optar (ou optaram por ele?!) decidir namorar...

Mas as saudades e as boas memórias, que não são poucas, não se apagam, ficam.

Saudades das avós que se foram e que continuarão a ser Marcos na minha vida.
Uma, de olhos azuis meigos e timidos.... Mas sempre com cabelo arrumado e batozinho nos labios, pronta para me receber de braços abertos (mesmo se escondendo das fotos) e me e dizer que me amava.... Rafaela por vezes quer usar o anel de pedra azul da vovó...  Deixo a por um pouquinho... Olhando de soslaio para ver se não vai deixar cair ou perder... Quero que ela o tenha futuramente para poder contar de quem pertenceu....Choro ao ver a cor da pedra azul e a delicadeza do anel, que prá mim resume a vovó, bisa, com perfeição.

A outra, rapida na fala e no pensar. Personalidade marcante e igualmente cativante. Marota! Sempre brincava com todos e em meio a essas "marotisses" dizia o que pensava francamente... ]
Da marotisse sagaz que sempre me fascinou, migrava igualmente para a ternura ao lembrar-se de de mim em meu aniversario, ou simplesmente em me mandar um cartao de natal ou telefonar (que por vezes o proprio neto brincava dizendo que ela  me preferia a ele.... e sempre aos términos das ligações já ia dizendo: Amo muito você, viu? (guardo como ouro o abridor de latas em forma de balalaica trazido de Israel e das palavras que disse ao pé de ouvido!)

Muitas são as recordações que guardarei dessa familia em meu coração....
Além do amor pelo filho, o amor que tenho pelos pais a quem conheço desde minha meninisse....
Como esquecer os 80 espinhos que um deles tirou aos meus 9 anos de idade das minhas pernas em um acabamento?! E como não lembrar que quem passou o creme anestesico e depois a pomadinha e secou meus olhos pueris frente mais a vergonha de ter caido do que dos 80 espinhos em si?!

Ficaria horas lembrando de historias, pessoas e fatos... São quase 30 anos que os conheço e 19 anos entre namoro, noivado e casamento, ou seja, mais da metade da minha existencia vivida como parte daquela familia a qual ainda carrego o sobrenome nos documentos e minha filha dorme igual ao pai... :)

Não temos controle de todas as coisas na vida. Vivemos o presente e somente Cristo sabe do nosso futuro.

Quanto ao passado, o manterei guardado com carinho em caixinha preciosa de cristal!

Mauricio foi o primeiro a me dar o cartãozinho de "boas vindas" na escola dominical na Vila Mariana dada a minha primeira visita com 8 anos  de idade acompanhando o meu tio Rubens e minha tia Vina (outros que moram em meu coração e em minhas memorias....que provavelmente escreverei um ou varios episodios de CHICA FELIZBINA...)
Dessa primeira visita, (que sempre recontei por vezes e brincava com ele até poucos anos atrás) me lembro do sorriso dele e do óculos que escureciam ao Sol... Lembro-me de perguntar ao meu pai porque tais óculos faziam isso e outros não... Foi assim que aprendi o que eram lentes "fotocromáticas".... E por muitos anos ele foi para mim " o menino das lentes fotocromáticas", depois o amigo, depois o namorado, depois o noivo e o marido das lentes fotocromáticas... e de olhos azuis....



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2 comentários:

  1. Muito lindo seu desabafo em forma de crônica. Você escreve bem. Parabéns. Ricardo Bunemer

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  2. Obrigada Ricardo!
    Nada melhor do que escrever para desopilar...
    bjs
    Karen

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