MEMÓRIAS DA PEQUENA KARENINA & PAPAI

Dia dos pais.... :)


Naada mais apropriado do que lembrar as coisas especiais da infância...


Todo sábado era sagrado irmos ao clube. Papai pegava na minha mãozinha e a outra era destinada ao meu irmão para atravessarmos a rua em direção ao clube. 


Caminhávamos comendo mexerica ou mesmo cenoura crua já descascada pela mamãe, que de clube nunca gostou por isso se esquiva-se na cozinha com seus maravilhosos quitutes...


Lembro-me que tinha vezes que jogávamos bola ou faziamos outros esportes... (voley, basquete, tamboreu, tenis, etc) ou mesmo corríamos pela pista fazendo exercícios como se fossem nado sincronizado... Mãos sincronizadas diferentemente das pernas....


Mas a maioria das vezes era o aprender a " bater o pé" na água que trabalhávamos, afinal de contas, os pés são os motores ele dizia.... e ficávamos lá aprendendo a a lidar com o motor por horas para então, treinarmos as braçadas...que eram corrigidas sistematicamente até darmos as braçadas certeiras que hoje temos (sem virar o corpo em demasiado e sem tirar a cabeça pra fora dágua inapropriamente...)


Dizendo assim, parecia que estávamos em treino rigido (era um treino com certeza e vindo de um campeão paulista e brasileiro de natação!), mas na verdade, o dito treino que era mais uma "brincar e estar com o papai"  além de ser uma diversão!


Principalmente porque desde pequenina ja frequentava a piscina olimpica enquanto os outros estavam com suas boinhas de braços.... (a qual meu pai abomina, porque não dá liberdade para os braços se movimentarem adequadamente!)


Papai não estava nos treinando para competir, mas para saber nadar bem em caso de situação de perigo...
Até hoje me vem a mente suas falas: "no mar, na maioria das vezes, morre afogado quem SABE nadar!
Portanto cuidado! Vcs sabem nadar!".... Até hoje me lembro disso quando nado em mar aberto indo para o fundo. Vejo a correnteza, o vento, a linha de arrebentação, para só depois desfrutar da calmaria que o mar proporciona.


Mas nem só de esporte meu pai foi marcante em minha tenra infância.
Todos os dias ele chegava com um chocolate da kopenhagen em forma de bichinhos .... Quando já ouvíamos a chave girar, já sabíamos que era ele... e os chocolates! 
Meu pai era o responsável pelas historias mirabolantes antes de dormir... ( talvez dai venha a minha imaginação em contar historias e inventar personagens para a Rafaela). 
Eu e meu irmão chegavamos de mancinho enquanto ele estava lendo algum livro, já deitado e perguntávamos: Conta historia hoje, papai? ( ele nunca se recusou!) e corriamos se aninhando nele para ouvir as peripécias da turma do sugismundo, o chocolate, o vira-o-mundo e outros personagens sempre em aventuras e desvendando mundos diferentes ou florestas inabitadas! Depois era cama!
As leituras de livros de historia e a oração eram com mamãe.... 


Lembro-me dos ditados e das lições intensivas de fono! Todos os dias, Todas as noites... (dessas eu não gostava, mas sabia que tinha que fazer...) e dessa dedicação, a troca dos Ds pelos Ts passaram-se rápido... 


Já na escola, papai fazia questão de ler TODOS os livros de literatura que nos davam em aula.... Lia rapido para depois esperar na nossa lentidão de quem está se enveredando por Machado de Assis, José de Alencar e euclides da Cunha entre outros.... Mas não pensem que parava por ai....
O que mais ele adorava fazer era perguntas sobre o entendimento de texto... Me lembro como se fosse hoje, eu na antiga 7 serie tendo que ler um livro de  Machado de Assis ( que de raiva que já esqueci o nome!) nas férias de julho.... Papai leu em dois dias... eu em quase as ferias todas...  Eu, que já tinha completado por conta toda a coleção de Jose de Alencar, me deparei com um livro extremamente massante e de dificil entendimento...ai que tormento! e eram ferias! na praia! só que chovia por ser julho...então: Leitura!
Mas me lembro que apos a arguição do papai, percebi que entendi tudo errado.... e assim, a leitura mal lida, foi relida por 2x com dupla atenção... 
Penso que foi nesse momento que percebi que tinha que ler todas as coisas com atenção e não somente as que eu gostava de ler ( e que devorava!)


Lembro de uma questão de logaritmo ja estudando na Federal de São Paulo...
Meu irmão, mais velho um ano, não conseguiu resolver a questão, então levei para o meu pai.... Me lembro ele dizendo: Nossa! Faz muito tempo que não resolvo logaritmo. Tras o livro... e foi assim que ele me explicou a questão e resolveu o problema...


Tanto mamae quanto papai adoram ler... Nao passam 1 mes sem ler 2 livros ou mais....
Só que meu pai lê tudo que cai na mão dele! Seja qualquer tipo de religião, ou dicionario, ou mesmo a enciclopédia ( acho que ja leu por mais de 4x)  Só parou de ler quando chegou a tv a cabo com os programas " naturais" do national geographic, ou historic channel....
Semana passada estava lendo a biografia do Obama, essa semana já sei que está em outro... preciso averiguar....


Fora tudo isso tem as historias da "italianada", as musicas italianas que ouvia nos discos de 78 rotações que vinham da casa do vovô.... E quem conhece quem que conhecia ciclano, e beltrano.... Adoro ouvir "causos".


Vcs devem estar pensando: Mas e o esporte? A-ha! esse ele continua fazendo todos os dias, rigorosamente. Só não vai ao clube quando este fecha as segundas-feiras ou quando está chovendo torrenciamente....


Após o que descrevi aqui, alguém pode me dizer quem é que brinca com a minha filha de 4 anos de idade, adentrando no mundo infantil de fantasias?


Meus pais são meu exemplo de vida. Aos 77 anos, ambos fizeram faculdade (mamãe fez duas até, e especialização), conhecem idiomas, trabalharam com afinco, me deram carinho, amor, dedicação e sonhos que permanecem até hoje arraigados no meu coração.
Nesses momentos difíceis e doloridos de uma dissolução matrimônial, foram eles que me ergueram, consolaram e me fizeram lembrar diariamente quem eu sou, quem é a minha familia, e o amor e apoio incondicional que eles demonstram na minha vida e na da minha filha diariamente.


Louvo a Deus pela minha familia,
Louvo a Deus nesse dia especial, o meu pai. Exemplo de amor, de conselhos pragmáticos de um economista, 
de retidão e coerência no pensar e o ato de se doar....

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