O Ativismo desenfreado x o Amar ao Proximo

Eu e Lela temos uma calopsita em casa. Lelinha a ganhou no inicio de 2007 em troca da chupeta,  ( ideia da madrinha Pri, tambem conhecida como fada-madrinha dos dentes - por ser dentista). Eu, Mauricio e Lela escolhemos com carinho o animalzinho, a gaiola ( confesso que nao gosto de passaros em gaiolas, mas Pity fica mais fora da gaiola do que dentro) e todos os brinquedinhos do bichinho.

Desde então, Pity, tem feito parte das nossas vidas diariamente.

Nunca pensei que um pássaro pudesse ser um "PET" tão companheiro tal como ele o é. Basta ouvir o barulho de chave da porta de entrada (!) ou da cortina do meu quarto que já começa a nos chamar... parando somente quando o liberamos da gaiola para ele explorar o território já conhecido, e caminhando junto conosco. Não existe 1 único dono ao qual ele dedica mais atenção como na maioria dos pássaros... Ele dá atenção a todos da casa.
Se saimos de perto, ou se subimos para andar superior, o pio -pio já começa, parando somente quando falamos com ele lá de cima que já vamos.

Hoje, aconteceu um acidente, por ele andar solto, ele parou embaixo de um dos meus pés enquanto me equilibrava para colocar uma assadeira em um lugar mais alto..
Pisei nele e bem na cabeça... O bichinho foi direto a sua gaiola e la eu vi o hematoma que se formava a ponto de seus olhos fecharem de dor... e perder o penacho da cabecinha...Liguei para todos os veterinários que ele já passou, nenhum aberto. Achei um 24h que me pediu para ir indo enquanto chamava a especialista de aves silvestres...

Lela, não sabia se chorava pelo pássaro ou pela atenção que eu despendia ao Pity, já que fiquei arrasada por ter causado o acidente.... Acabei tendo que deixá-la com a minha mãe, enquanto no carro, Pity abria os olhos e fechava-os com expressão de dor.

Tive que esperar a veterinária chegar e nesse meio tempo, abri a gaiolinha de transporte e comecei a fazer carinho nele, que estava trêmulo e com dor, e aos poucos o tremor foi passando, embora cada vez mais o hematoma se espalhava.... fiquei ali, falando baixinho que tudo estava bem e fazendo carinho da bochecha laranja ate o meio das costas.... o que foi reconfortante para ele em meio a dor e para mim,  que também sofria com olhos inchados.

Não vou entrar em detalhes, que foram horas de tensão. Mas ele não fraturou nada, (tirou varios raio X de vários ângulos permanecendo agarrado encostando sua minúscula cabeça em mim, em todo o tempo...  Tudo indica que ele ficará bem. Tomou antiinflamatório e analgésico na barriguinha e vamos ter que administrar por 5 dias um antiinflamatório e analgésico oral e caso coma, darmos papinha...

Estou ainda muito triste com episódio de hoje, vindo em minha mente uma reflexão a qual quero compartilhar: Muitas vezes, o nosso "ativismo"diário, a qual muitos priorizam o trabalho, o estudo, ou qualquer outra coisa que envolva vc mesmo, nos esquecemos o quão salutar é poder se dedicar a uma pessoa querida, ou mesmo a alguém que esteja necessitando de ajuda.
Muitas vezes algumas palavras ditas na hora certa fazem toda a diferença para aquela pessoa, ou mesmo um afago, um abraço mouco, ou palavras de encorajamento e as vezes somente sentar ao lado e chorar junto, ao lado.

Penso quantos de nós paramos os nossos afazares com real sinceridade de sentimento para se oferecer em "abrir a gaiola", sentar ao lado e se doar completamente? 
O que mais vale na vida? O ativismo desenfreado que traz a diferença ao final do mês em bens de consumo, ou o real amor, a misericórdia e o olhar as pessoas como elas estão, além de nós mesmos?


Deixo aqui essa reflexão entre o nosso ativismo desenfreado x o amar ao Proximo..